Asaas: colaboradores de empresas de tecnologia têm 28 anos em média, diz estudo
Com 60 anos, Otávio Fontoura se destaca em meio aos outros colaboradores da empresa de tecnologia onde atua como diretor comercial, a Asaas, que desenvolve um software de automatização de cobranças. Além dos cabelos mais esbranquiçados, o profissional esbanja experiência: já atuou em áreas como agronegócio, indústria, comércio e serviços, como empresário, administrador, consultor, gerente comercial, professor universitário e instrutor de programas de liderança, comunicação, oratória, negociação e vendas. Sua formação também é distinta, passando por eletrônica, graduação em Design, pós-graduação em Administração, Dinâmica dos Grupos e Coaching.
O currículo diversificado, entretanto, algumas vezes não contribui para ter vantagem em processos seletivos na área de tecnologia. De acordo com um estudo realizado pela plataforma de análises Visier, a média de idade dos funcionários das empresas de tecnologia é de 28 anos. Recentemente, três ex—funcionários da gigante IBM acusaram a empresa de demitir os colaboradores acima de 40 anos. Um relatório divulgado pela agência ProPublica corrobora com a denúncia: de acordo com ele, a companhia demitiu, em seis anos, mais de 20 mil pessoas acima dos 40.
O problema se estende a outros grandes nomes da tecnologia. No Google, por exemplo, existe um grupo denominado “greyglers”, que reúne cerca de duas mil pessoas já com “cabelos brancos” — a empresa, em 2015, contava com mais de 57 mil funcionários. O estereótipo do profissional de tecnologia ajuda a manter a tradição de equipes novas. Piero Contezini, CEO da Asaas, afirma que a pluralidade é essencial também quando se trata de faixa etária. “Funcionários mais velhos agregam experiência ao processo. Por terem passado por mais coisas, têm raciocínio consistente e ainda imprimem autoridade, o que ajuda na hora de liderar um time”, explica.
Troca de experiências
Otávio conta que trabalhar em um ambiente cercado de pessoas mais novas estimula o desejo de aprender e produzir. “Nosso compromisso com os clientes gera uma certa inquietação positiva, um desejo de fazer cada vez melhor. Meus colegas, bem mais jovens, me ensinam coisas novas e também estimulam meu desejo de aprender”, exemplifica.
O profissional ainda completa dizendo que a troca entre pessoas de diferentes idades enriquece o trabalho, somando conhecimento. “Sou muito aberto à troca de experiências e conhecimentos. Para mim, a idade se reflete principalmente no estado de ânimo das pessoas e em seu entusiasmo pela vida. Acredito que estou contribuindo com minha experiência no trato com as pessoas e no desenvolvimento de processos que elas precisam executar. Em resposta, tenho sido contagiado pela energia e vontade de fazer acontecer que recebo de meus colegas de trabalho”, conta Otávio.