35% das fintechs latinoamericanas são lideradas por mulheres
A indústria fintech revolucionou a forma que os cidadãos se relacionam com as finanças e os bancos tradicionais. Ideias disruptivas atraem segmentos como os “millenials” e pessoas da terceira idade.
O ecossistema fintech também se modificou com a chegada e a liderança que as mulheres têm no setor financeiro. Embora a porcentagem de mulheres que lideram empresas fintech seja baixa em escala global (7%), a América Latina rompe esta tendência. A porcentagem de startups e empresas fintech dirigidas por mulheres ou com mulheres nas equipes fundadoras é de 35%, conforme apontam os dados do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) através do informe ‘Fintech na América Latina: Crescimento e Consolidação’.
México, Colômbia e Brasil reúnem a maioria das fintechs fundadas por mulheres, com 31%, 14% e 12% do total de empresas do setor de financeiro dos países, respectivamente. “É apenas uma hipótese, mas acredito que temos uma visão mais sensível em questões como favorecer a inclusão financeira e acabar com a sub-bancarização. Se a vida tem sido mais difícil para você, você tem essa sensibilidade por outras pessoas”, afirma Ana Barrera, CEO e fundadora da Aflore, startup fintech colombiana que facilita o acesso a créditos e seguros a pessoas que vivem na informalidade ou não possuem acesso a serviços bancários tradicionais. Os dados do BID apoiam Barrera: das fintechs entrevistadas que afirmam contar com mulheres como fundadoras. Isso significa que 49% está focado em soluções de inclusão financeira para o mercado latinoamericano.
Os desafios do setor fintech na América Latina
A sub-bancarização e a inclusão financeira seguem sendo dois dos desafios que se enfrentam na América Latina. Onde, cerca da metade da população total não conta com acesso a um produto financeiro dentro da formalidade, segundo o BID. Esta tendência pode ser quebrada graças às inovações tecnológicas fintech. “A combinação de altas taxas de exclusão financeira e uma expansão móvel e inovação tecnológica representam uma grande oportunidade para o setor fintech. Isso acontece graças a capacidade de fazer os serviços financeiros chegarem a uma parte da população que não é atendida pelos serviços financeiros tradicionais”, explica Gabriela Andrade, especialista líder de Mercados Financeiros do BID.
Para Barrera, da Aflore, o foco do ecossistema de fintechs na América Latina é fundamental, diferentemente de outras regiões mais desenvolvidas. “O mais interessante é que aqui as inovações estão mais voltadas para o usuário final”, explica. Segundo a empreendedora, as fintechs podem e querem conhecer o cliente final.
A expansão móvel na região se estima em 440 milhões de conexões e cobre 70% da população, segundo dados da organização que compila as operadoras de celular GSMA. Somando os avanços tecnológicos, eles são fundamentais para a aparição e consolidação de grande atores da “gig economy” em setores como o alimentício, o comércio, o transporte e o bancário. Todos eles fazem acreditar que a América Latina pode e deve liderar a nova economia.
Mulheres no mundo ‘fintech’ em tempos de pandemia
Os dois especialistas consultados coincidem na análise do papel da mulher neste ecossistema liderado historicamente pelo homem e destacam as barreiras que as mulheres enfrentam. “Em uma escala global e regional, as mulheres enfrentam um escrutínio cada vez maior ao apresentar suas ideias a um investidor potencial”, explica Andrade. Para Barrera, “a mulher recebe perguntas sobre risco enquanto o homem recebe perguntas sobre crescimento e oportunidade”. Ambos sabem que essas barreiras existiam antes de eles chegarem e também sabem que podem combatê-las graças à preparação e ao trabalho. Sua aposta: equipes executivas e de gerenciamento intermediário com homens e mulheres empurrando na mesma direção.
Ainda há um longo caminho a percorrer para enfrentar os desafios do ecossistema ‘fintech’ na região. Por exemplo, um investimento maior para amadurecer o setor e apostar na educação em ramos tecnológicos como programação, desenvolvimento ou ciência de dados. Como destaca Barrera, é importante manter os talentos na região e não migrar para a Europa ou Estados Unidos, onde as ofertas e o desenvolvimento de fintech são melhores.
A pandemia foi um teste duplo para as empresas do setor, e quase todas as empresas, na América Latina. Por um lado, a digitalização acelerou , por outro, viram os investimentos cortados e surgiu a desigualdade. “Para as ‘fintechs’, que se concentram em usuários mal atendidos, a pandemia nos trouxe muitas oportunidades. Temos brilhado no mundo dos pagamentos, como na ‘startup’ Aflore, dando crédito à população informal”, explica Barrera.
Um desafio de inclusão, também para as instituições
O desafio também inclui instituições, que veem as empresas ‘fintech’ como o suporte de que precisam para promover a digitalização e aumentar as operações por meio da Internet. “Há anos estamos comprometidos com a digitalização de nossos negócios para sermos capazes de oferecer uma experiência única ‘ponta a ponta’, e as startups de fintech desempenham um papel muito importante”, explicou Antoni Ballabriga, Chefe Global de Negócios Responsáveis da BBVA , em encontro virtual organizado pela Finnovating . “Agora, um mundo de oportunidades se abre para essas empresas em setores que até então eram muito mais resistentes à entrada de novos modelos de negócios.”
Além disso, o BBVA tem focado parte da sua atividade nos últimos anos em levar as ideias mais inovadoras aos seus clientes, graças à sua colaboração com empresas ‘fintech’. Fá-lo, por exemplo, através do programa ‘ Fast Track ‘, que visa implementar soluções que melhorem os produtos e serviços que o banco oferece aos seus clientes.
*Fonte: BBVA
A fintech ParMais, um dos cases de sucesso da ACATE, é uma das empresas do setor financeiro fundada por uma mulher. No Blog da ACATE você pode conhecer mais sobre este case.