Artigo: Captação de recursos para pequenas empresas
Empresas que buscam captar recursos para investimentos de longo prazo encontram hoje uma disponibilidade grande de dinheiro no mercado de crédito e de capitais. A oferta é inédita na economia nacional e vem se confirmando graças à estabilidade macroeconômica dos últimos cinco anos, que possibilitou a queda dos juros, aumentando a atratividade por investimentos diretos na atividade produtiva. As fontes são diversas.
Empresas que buscam captar recursos para investimentos de longo prazo encontram hoje uma disponibilidade grande de dinheiro no mercado de crédito e de capitais. A oferta é inédita na economia nacional e vem se confirmando graças à estabilidade macroeconômica dos últimos cinco anos, que possibilitou a queda dos juros, aumentando a atratividade por investimentos diretos na atividade produtiva. As fontes são diversas. O governo tem oferecido, através de órgãos como a FINEP e o BNDES, uma série de linhas de financiamento com foco principal em inovação tecnológica. Em muitos casos não são cobrados juros e em outros não é preciso devolver o capital investido. Essas são as chamadas linhas não reembolsáveis ou “fundo perdido”.
As grandes empresas, nacionais e internacionais, também podem ser fontes interessantes de recursos. Elas buscam o desenvolvimento de sua cadeia, a verticalização de suas atividades ou até mesmo a ampliação de sua participação no mercado. Através desse posicionamento estratégico, essas organizações têm comprado empresas, investindo ou simplesmente fomentado seu crescimento sem esperar retorno financeiro imediato, mas ganhos no longo prazo.
Existem ainda os fundos de investimento em capital produtivo, onde diversos investidores, através de um fundo de investimentos, compram parte da empresa, injetando capital na mesma, com a expectativa de gerar valor para o negócio. Na mesma linha existem os fundos de investimento tipo mezanino, onde o fundo oferece um financiamento à empresa com a opção de virar sócio no futuro.
Recentemente e de forma mais intensa, a bolsa de valores tem atraído muitas empresas que abrem seu capital para captar recursos. A intensificação das ofertas públicas iniciais de ações (IPOs na sigla em inglês), no último ano, mostra que a bolsa de valores no Brasil pode vir a ser, em breve, uma opção concreta para empresas que buscam captar recursos.
O tradicional crédito bancário ainda permanece como o principal mecanismo de captação das empresas. Seu ponto fraco é o alto custo de capital, que representa o segundo maior obstáculo à expansão das empresas brasileiras, depois dos impostos, segundo pesquisa feita pelo Banco Mundial.
A princípio, diriam os empresários, tais ofertas de recursos não correspondem à realidade de negócios das micro, pequenas e médias empresas no Brasil. Em parte por ser um fenômeno recente, que ganhou destaque nos últimos anos. Não podemos, contudo, tirar conclusões equivocadas. Um dos principais motivos que freia a injeção de capital nas empresas brasileiras é a falta de planejamento, tanto financeiro como estratégico. É como uma crise às avessas, existe mais gente querendo comprar do que gente podendo vender.
Em Santa Catarina , grande parte das pequenas empresas de tecnologia não projeta seu fluxo de caixa, possui uma nebulosa política de investimentos e demonstra grande descuido com mecanismos de controle de orçamento. No entanto, estes instrumentos são essenciais para fazer com que aqueles números espetaculares, estimados no início de cada ano, se tornem realidade.
Um investidor seja qual for a sua origem, precisa enxergar duas coisas. A primeira é a viabilidade econômica do negócio. Isso quer dizer que o capital investido precisa sustentar o crescimento do empreendimento e que este possa num futuro de médio-longo prazo gerar receita, de preferência em larga escala. A segunda é a oportunidade de saída, ou desinvestimento, que nada mais é do que a maneira com que o investidor realizará seus ganhos. Seja na forma de dinheiro, pagamento de juros, participação de mercado, tecnologia ou benefícios para a sociedade, como é no ponto de vista do governo.
Para atrair qualquer fonte de recursos, o empresário precisa se colocar na posição do investidor, questionar a viabilidade do seu próprio negócio e estimar o retorno da operação. Sem essa base, o investidor perde a noção de onde está se metendo. Em outras palavras, a falta de respaldo financeiro e de mercado aumenta o risco do investimento e ninguém gosta de correr riscos.
Sem considerar exceções, a regra é clara, com um plano de negócios estruturado, projeções financeiras coerentes e um planejamento estratégico bem elaborado, a empresa não só atrairá investidores, mas também construirá bases sólidas para um futuro de sucesso.
Marcelo Ferrari Wolowski, Diretor da ACATE e da BZPlan
Rodrigo Ventura de Oliveira, analista da BZPlan