26/fev/2009
Capacitação nas empresas pode aumentar a inovação
Embora o número de empresas que conseguiram incentivos do Governo Federal por meio da Lei do Bem e outras fontes de fomento à inovação tenha aumentado, para o secretário-executivo da Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras (Anpei), Olívio Ávila, ainda é cedo para se falar no crescimento da inovação no País.
Embora o número de empresas que conseguiram incentivos do Governo Federal por meio da Lei do Bem e outras fontes de fomento à inovação tenha aumentado, para o secretário-executivo da Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras (Anpei), Olívio Ávila, ainda é cedo para se falar no crescimento da inovação no País.
Ávila comentou o Relatório Anual da Utilização dos Incentivos Fiscais, divulgado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, referente ao ano de 2007 que contou com um universo de cerca de 900 empresas que responderam o questionário. Para ele, o número de empresas ainda é pequeno em relação ao total de empresas que a Pesquisa de Inovação Tecnológica, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de 2005 (Pintec) apontou, cerca de 94 mil. Para complicar, a crise financeira internacional deve, segundo o executivo, afetar diretamente o ímpeto das empresas para investir em inovação este ano. Leia, abaixo, os principais trechos da entrevista
O que o senhor achou do relatório divulgado pelo MCT?
Olívio Ávila: Há um aumento de interesse em inovar das empresas. É um bom começo, mas por outro lado é muito cedo para se fazer uma avaliação porque o marco legal foi vigente a partir de 2006. Então é um pouco cedo pra se fazer uma leitura sobre o crescimento da inovação.
Por quê?
Ávila: Apesar de ter tido um aumento em relação ao relatório anterior, o número de empresas que fazem inovação ou que estão apresentando o relatório ainda é pequeno em relação ao total de empresas que a Pintec apontou, cerca de 94 mil. Creio que é porque poucas estão usufruindo destes incentivos.
E esta crise pode afetar os investimentos em P, D&I?
Ávila: Com certeza vai afetar e estamos preocupados porque, pela Lei do Bem, os incentivos só podem ser usufruídos no mesmo ano em que se deu a despesa. A despesa em P, D&I pode ser descontada na base de cálculo do imposto de renda somente no ano em que a despesa ocorreu.
Qual a relação com a crise?
Ávila: 2009 é um ano com insegurança muito grande para as empresas sobre se vai ter lucro no final de 2009. Então, se ela não sabe se vai ter lucro, e há uma grande possibilidade de não ter, isto pode afetar os planos da empresa na área de investimentos em P, D&I porque se não tiver lucro no final do ano, ela não pode usufruir dos incentivos e não pode usufruir depois nos anos seguintes.
O senhor acredita que houve uma maior aproximação entre empresas e universidades, já que a maior parte dos investimentos foi em custeio e não em capital?
Ávila: Ainda não dá pra garantir isto.
Por quê?
Ávila: A pesquisa do IBGE mostra que ainda é muito baixa a relação entre universidades e empresas, principalmente entre as empresas de pequeno porte e por este relatório não dá pra saber porque teria que ter dados sobre as estatísticas de quantas empresas investiram em contratação de pesquisadores.
Quando o senhor acha que veremos estas inovações?
Ávila: Geralmente os projetos de PD&I são de médio e longo prazo. Um projeto iniciado hoje, em média, entra no mercado em um ano e meio e dois anos, mas podem demorar até três, quatro anos, dependendo da complexidade da inovação.
E o que o senhor acha da diferença entre as regiões, quanto aos incentivos?
Ávila: Não é possível que só uma empresa do Centro-Oeste tenha condições de ser beneficiadas com os incentivos. O relatório alega que estas regiões possuem outros tipos de incentivos, mas mesmo assim, não conseguem reduzir as despesas com inovação. Precisa se pensar em uma outra forma de incentivar porque, se estas empresas não constam no relatório, ou é porque não estão utilizando ou porque não estão fazendo inovação no volume necessário. É preciso se pensar num outro tipo de incentivo para que a empresas destas regiões inovem mais.
Falta divulgação?
Ávila: Um pouco, precisa melhorar mais esta questão.
As micro e pequenas empresas têm capacidade para inovar?
Ávila: Em média, não. A Pintec mostra que apenas 2% das empresas de pequeno porte fizeram algum tipo de inovação. Isto mostra que ainda está muito aquém do que se faz em outros países. O principal problema é que as empresas não têm capacitação interna para gerir projetos de PD&I. Se a empresa não tiver o mínimo de competência interna na área de PD&I, ela não só não vai inovar, como não vão conseguir se unir às universidades, porque não tem ninguém dentro da empresa com condições para administrar estes projetos.
O que o Governo poderia fazer para melhorar esta capacitação dos profissionais?
Ávila: A Coreia tinha o mesmo problema. Na década de 70 apenas 40 empresas tinham centros de pesquisa próprios. Eles fizeram um programa agressivo para incentivar a inovação e em 2003, a Coreia aumentou para 10 mil empresas. Hoje eles estão com 15 mil. Destes 15 mil, 95% são empresas pequenas e médias. Por isto, estamos propondo aos órgãos federais, como o BNDES, a Finep e o MCT que tenham programas de incentivo à estruturação interna das empresas para inovação. Estamos começando a fazer os contatos agora, mas creio que até o final do ano, teremos pelo menos o esboço do programa.
Ávila comentou o Relatório Anual da Utilização dos Incentivos Fiscais, divulgado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, referente ao ano de 2007 que contou com um universo de cerca de 900 empresas que responderam o questionário. Para ele, o número de empresas ainda é pequeno em relação ao total de empresas que a Pesquisa de Inovação Tecnológica, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de 2005 (Pintec) apontou, cerca de 94 mil. Para complicar, a crise financeira internacional deve, segundo o executivo, afetar diretamente o ímpeto das empresas para investir em inovação este ano. Leia, abaixo, os principais trechos da entrevista
O que o senhor achou do relatório divulgado pelo MCT?
Olívio Ávila: Há um aumento de interesse em inovar das empresas. É um bom começo, mas por outro lado é muito cedo para se fazer uma avaliação porque o marco legal foi vigente a partir de 2006. Então é um pouco cedo pra se fazer uma leitura sobre o crescimento da inovação.
Por quê?
Ávila: Apesar de ter tido um aumento em relação ao relatório anterior, o número de empresas que fazem inovação ou que estão apresentando o relatório ainda é pequeno em relação ao total de empresas que a Pintec apontou, cerca de 94 mil. Creio que é porque poucas estão usufruindo destes incentivos.
E esta crise pode afetar os investimentos em P, D&I?
Ávila: Com certeza vai afetar e estamos preocupados porque, pela Lei do Bem, os incentivos só podem ser usufruídos no mesmo ano em que se deu a despesa. A despesa em P, D&I pode ser descontada na base de cálculo do imposto de renda somente no ano em que a despesa ocorreu.
Qual a relação com a crise?
Ávila: 2009 é um ano com insegurança muito grande para as empresas sobre se vai ter lucro no final de 2009. Então, se ela não sabe se vai ter lucro, e há uma grande possibilidade de não ter, isto pode afetar os planos da empresa na área de investimentos em P, D&I porque se não tiver lucro no final do ano, ela não pode usufruir dos incentivos e não pode usufruir depois nos anos seguintes.
O senhor acredita que houve uma maior aproximação entre empresas e universidades, já que a maior parte dos investimentos foi em custeio e não em capital?
Ávila: Ainda não dá pra garantir isto.
Por quê?
Ávila: A pesquisa do IBGE mostra que ainda é muito baixa a relação entre universidades e empresas, principalmente entre as empresas de pequeno porte e por este relatório não dá pra saber porque teria que ter dados sobre as estatísticas de quantas empresas investiram em contratação de pesquisadores.
Quando o senhor acha que veremos estas inovações?
Ávila: Geralmente os projetos de PD&I são de médio e longo prazo. Um projeto iniciado hoje, em média, entra no mercado em um ano e meio e dois anos, mas podem demorar até três, quatro anos, dependendo da complexidade da inovação.
E o que o senhor acha da diferença entre as regiões, quanto aos incentivos?
Ávila: Não é possível que só uma empresa do Centro-Oeste tenha condições de ser beneficiadas com os incentivos. O relatório alega que estas regiões possuem outros tipos de incentivos, mas mesmo assim, não conseguem reduzir as despesas com inovação. Precisa se pensar em uma outra forma de incentivar porque, se estas empresas não constam no relatório, ou é porque não estão utilizando ou porque não estão fazendo inovação no volume necessário. É preciso se pensar num outro tipo de incentivo para que a empresas destas regiões inovem mais.
Falta divulgação?
Ávila: Um pouco, precisa melhorar mais esta questão.
As micro e pequenas empresas têm capacidade para inovar?
Ávila: Em média, não. A Pintec mostra que apenas 2% das empresas de pequeno porte fizeram algum tipo de inovação. Isto mostra que ainda está muito aquém do que se faz em outros países. O principal problema é que as empresas não têm capacitação interna para gerir projetos de PD&I. Se a empresa não tiver o mínimo de competência interna na área de PD&I, ela não só não vai inovar, como não vão conseguir se unir às universidades, porque não tem ninguém dentro da empresa com condições para administrar estes projetos.
O que o Governo poderia fazer para melhorar esta capacitação dos profissionais?
Ávila: A Coreia tinha o mesmo problema. Na década de 70 apenas 40 empresas tinham centros de pesquisa próprios. Eles fizeram um programa agressivo para incentivar a inovação e em 2003, a Coreia aumentou para 10 mil empresas. Hoje eles estão com 15 mil. Destes 15 mil, 95% são empresas pequenas e médias. Por isto, estamos propondo aos órgãos federais, como o BNDES, a Finep e o MCT que tenham programas de incentivo à estruturação interna das empresas para inovação. Estamos começando a fazer os contatos agora, mas creio que até o final do ano, teremos pelo menos o esboço do programa.