Fapesc quer fechar o ano com R$ 50 milhões de investimentos em CT&I
Para atingir esse propósito, segundo o presidente da Fapesc, Antônio Diomário de Queiroz, foram importantes “os extraordinários avanços institucionais alcançados no primeiro semestre deste ano”. Entre eles aparecem a regulamentação da Lei Catarinense da Inovação (decreto 2.060) e a adoção de medidas que deram maior agilidade operacional ao desenvolvimento de projetos de pesquisa, cujos reflexos serão sentidos nos próximos anos. A liberação de recursos diretamente aos pesquisadores, com o aval das instituições às quais pertencem, também confere mais agilidade à produção científica.
Há projetos importantes em andamento, como o Sinapse Inovação, o Heliópolis e o programa InovaSC. O primeiro deles apoia não apenas a inovação, mas o empreendedorismo. Atualmente, existe uma grande demanda pela expansão de incubadoras e muitos jovens empresários com boas idéias tentando se aproximar da academia. Estão em execução programas de grande impacto que podem mudar a relação da sociedade e da indústria com o meio ambiente, como o da Rede Aqüífero Guarani/Serra Geral e o do Grupo de Prevenção de Catástrofes, que tem a coordenação do professor Diomário Queiroz.
Entre outros, o governo do Estado, por meio da Fapesc, vem aplicando recursos em projetos voltados para a expansão e a melhoria da maricultura catarinense, o desenvolvimento da vitivinicultura, o tratamento de dejetos agroindustriais, a valorização do carvão mineral, a expansão da ovinocultura de leite, o plantio de oliveiras, a produção de biodiesel e o tratamento do lodo de esgoto.
Incubadoras – Por lei, o Estado teria condições de aplicar R$ 85 milhões anuais na área de ciência, tecnologia e inovação. “Ter assegurado esse princípio constitucional e aprovado o orçamento foi fundamental”, diz Diomário de Queiroz, que já foi reitor da UFSC e secretário de Estado da Educação. Em 2008, considerado o melhor período da história do setor, a fundação injetou R$ 45 milhões na área de CT&I em todas as regiões catarinenses. Hoje, a Fapesc tem R$ 20 milhões em caixa para aplicar em ciência e tecnologia, mas muitas liberações dependem de contrapartidas emperradas, muitas vezes, pela burocracia dos órgãos públicos estaduais e federais.
Com esses recursos, o governo pretende reforçar as 39 incubadoras empresariais e os parques tecnológicos distribuídos pelo Estado e continuar investindo em projetos na área do carvão mineral (que receberam R$ 1,06 milhão em 2008), no desenvolvimento da maricultura (incluindo o controle das enfermidades do camarão), na melhoria da qualidade dos vinhos catarinenses e no incentivo à produção de azeitonas e óleo de oliva na região Oeste. Diomário afirma que esse trabalho dá seqüência ao que vem sendo feito desde o ano passado, quando foram criadas duas novas incubadoras, a Inovasul, em Araranguá, e a Incubadora de Empresas de Ibirama. “As incubadoras fortalecem o processo de descentralização dos investimentos e contribuem para a desconcentração cientifica e tecnológica”, diz ele.
Para fundamentar sua crença num novo período promissor, o presidente da Fapesc cita as conquistas recentes, que incluem a liberação de R$ 4,6 milhões para 65 projetos nas áreas da pesquisa agropecuária e meio ambiente, em parceria com a Epagri. O ano passado marcou também a reorganização e o aumento da velocidade da rede de governo, acompanhados da redução de preços (graças à aquisição de um roteador próprio) nas conexões gerenciadas pela Fapesc, que voltou a ter uma gestão específica sobre os órgãos de ciência e tecnologia. Isso beneficiou instituições de pesquisa, universidades, organizações não-governamentais e entidades sociais de Santa Catarina.
“Se em 2008 aprovamos o projeto de criação do Jardim Botânico, em Florianópolis, para este ano nosso objetivo é alcançar todo o Estado com o Inventário Florístico-florestal, que envolve uma série de instituições”, ressalta Diomário, referindo-se a ações na área ambiental. Ele também destaca o Programa da Biodiversidade Catarinense, que, entre outras ações, executa o projeto Reserva da Biosfera Urbana da Ilha de Santa Catarina e estudos sobre a capacidade de ocupação da região, considerando a necessidade de manter o equilíbrio do meio ambiente. Nos últimos dois anos, pelo menos 14 projetos tiveram recursos liberados na área de mudanças climáticas.
Interiorização – Também houve uma evolução considerável no Programa Catarinense de Recursos Hídricos, com destaque para o projeto Rede Guarani/Serra Geral, que recebeu aportes da Agência Nacional de Águas (ANA), da Caixa Econômica Federal, do Ministério do Meio Ambiente e recursos extra-orçamentários obtidos pela banca federal catarinense em Brasília, por meio de emendas ao orçamento da União. Para o Oeste catarinense foi aprovado ainda um programa de produção de biodiesel, envolvendo a Embrapa de Concórdia, que vai utilizar gorduras animais como matéria-prima.
Têm sido frequentes ainda as liberações de recursos para a qualificação de professores, a formação em mestrado e doutorado e o apoio aos núcleos de excelência. O professor Diomário de Queiroz destaca também a informatização do sistema de controle dos editais e a inclusão social proporcionada pela disseminação das incubadoras e dos núcleos de pesquisa pelo Estado. A Rede Catarinense de Tecnologia (RCT) vem permitindo o acesso à internet em praticamente todos os municípios catarinenses, incluindo os hospitais e as escolas estaduais. “Todos os indicadores apontam que Santa Catarina foi o estado que mais avançou nesta área, o que ocorreu graças à RCT”, ressalta o professor.
Por Paulo Clóvis Schmitz/jornalista na Agecom