Inovação: Como PMEs e startups contribuem com a criação de novas patentes no país
O Brasil voltou a cair no Índice Global de Inovação e foi do 75º para o 70º lugar. Enquanto a Suíça ocupa o primeiro lugar e os Estados Unidos o quinto da lista geral com 141 países, a China se mantém na liderança quando o assunto é o número de pedidos de patentes nacionais totais. Em 2012, por exemplo, o país asiático tinha cem vezes mais solicitações feitas do que o Brasil.
O Brasil voltou a cair no Índice Global de Inovação e foi do 75º para o 70º lugar. Enquanto a Suíça ocupa o primeiro lugar e os Estados Unidos o quinto da lista geral com 141 países, a China se mantém na liderança quando o assunto é o número de pedidos de patentes nacionais totais. Em 2012, por exemplo, o país asiático tinha cem vezes mais solicitações feitas do que o Brasil. A estimativa é que cerca de 200 mil pedidos brasileiros de patente estejam em análise pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) – e destes, pelo menos 4 mil são referentes a pequenos negócios. Iniciativas como a da Catamoeda, startup de Florianópolis/SC que detém seis pedidos de patentes e, nesse ano, deu entrada a outros dois, podem melhorar a colocação do país no cenário mundial de inovação.
A empresa desenvolveu um equipamento inédito que vem solucionando a falta de moedas no varejo brasileiro, o CataMoeda. Com uma interface multimídia, ele é capaz de contabilizar até 90 moedas por minuto, separando-as automaticamente de acordo com o valor e descartando moedas falsificadas ou estrangeiras. O valor depositado pelo consumidor pode ser trocado por notas, vale-compras e doações – e outros novos serviços já estão sendo desenvolvidos. A empresa também criou um sistema online de gerenciamento dos depósitos, que facilita a gestão dos numerários pelo estabelecimento comercial.
A máquina CataMoeda, hoje presente em mais 200 estabelecimentos de 22 estados, além do Distrito Federal, é integrada ao sistema de caixa dos clientes e todos os depósitos são monitorados em tempo real. Com a inovação, mais de 93 milhões de moedas foram depositadas, um retorno de R$ 26 milhões e que corresponde a mais de 15% do volume total de moedas produzidos pela Casa da Moeda em 2015. Além disso, a tecnologia colaborou para uma economia de 256 mil kWh de energia e 482 toneladas de minérios que seriam utilizados na produção de novas moedas.
Além desse produto, a empresa acabou de lançar um cofre inteligente, seguro, compacto e de baixo custo para o pequeno e médio varejista. O Caixa Fácil Mini, desenvolvido em parceria com a empresa Prosegur, foi criado para atender um setor até então não contemplado pela tecnologia de segurança dos cofres. O equipamento possui um sistema inédito de sensores antiarrombamento e tem capacidade de armazenar até duas mil cédulas.
Esse e outros exemplos fizeram da capital catarinense a primeira colocada no quesito inovação de acordo com o Índice de Cidades Empreendedoras, realizado pela Endeavor, e divulgado final do ano passado. Apesar disso, os empresários da região encontram dificuldades para registrar suas inovações e marcas. Apenas uma das seis patentes do CataMoeda levou um ano e nove meses para ser aprovada pelo órgão regulador e a marca “Catamoeda” quatro anos. “Dentre outras medidas, facilitar e agilizar a concessão de patentes e direito de marca poderia alavancar bastante a inovação não somente em Florianópolis, mas em todo o país", ressalta Victor Levy, CEO e fundador da startup.
Queda no número de registros
Ainda de acordo com o INPI, a retração no financiamento à pesquisa no país também refletiu diretamente na queda registrada nos depósitos de patentes pelo órgão. De acordo com o Boletim Mensal de Propriedade Industrial, os pedidos somaram 3.027 em junho, 5,3% a menos em relação a junho de 2015.
Mesmo assim, o país é um dos líderes no quesito depósito de patentes. Entre os dez países que mais depositaram pedidos de patentes de invenção em abril, os Estados Unidos lideram o ranking, com 36% do total, seguido do Brasil, com 15%.
Burocracia
A burocracia ainda é a grande dificuldade encontrada por empreendedores de PMEs e startups. Dados do INPI mostram que somente em 2015, o órgão recebeu mais de 33 mil depósitos de patentes e destes analisou menos da metade, cerca de 15 mil, concedendo 3,8 mil patentes. Os números são similares aos de quatro anos atrás, quando o Brasil acumulou 30 mil solicitações e concedeu 2,8 mil registros.
A estimativa é que empreendedores que querem inovar no país podem ter que esperar 11 anos para ter o pedido de patentes aprovado pelo órgão. Para alterar esses dados e melhorar a classificação do país, o governo federal lançou este ano o projeto piloto “Patentes MPE” que procura estimular e dar apoio para as microempresas e empresas de pequeno porte brasileiras. A proposta é permitir que essas empresas tenham prioridade no exame de pedidos de patentes depositados e diminuir o tempo de concessão de registro para um ano.