Jornal A Notícia: Acredite! Juro zero existe
No País que é o recordista mundial nas taxas de juro, parece piada de mau gosto, conto de fadas ou história da Carochinha dizer que é possível dar mais um gás a seu negócio sem pagar um centavo de juro e, ainda, tendo até cem meses (oito anos e quatro meses) para quitar a dívida. E isso, em um cenário em que, segundo o Banco Central (BC), as empresas fazem financiamentos durando, em média, um ano e pagando uma taxa de 2% ao mês.
É pura verdade. A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) tem R$ 20 milhões disponíveis para projetos de inovação tecnológica desenvolvidos por micro e pequenas empresas (veja detalhes do programa abaixo).
A expectativa de sair na frente do mercado, aumentar o capital da empresa e garantir um lucro maior ao final do ano já levaram pequenas e micro empresas catarinenses a utilizar esse incentivo. Os financiamentos variam de R$ 100 mil a R$ 900 mil.
Seis empresas do Estado tiveram seus projetos aprovados. Demétrius Ribeiro Lima, da Ilog Tecnologia, aposta no desenvolvimento de um software voltado a gestão estratégica de recursos humanos. O programa avaliará a performance humana e traçará na fase seguinte as metas de aprendizagem.
“Ganhamos competitividade a partir do acesso ao financiamento.” Gastão Dias, da Intech Tecnologia, afirma que no Brasil havia dificuldade de obter créditos para a pesquisa. Com o Juro Zero, a empresa resolveu criar biodiesel a partir de óleos de origem animal da produção de frigoríficos. O diferencial para a produção é que não há processamento prévio dos resíduos.
A produção eletrônica também se engajou na linha de recursos. A Contronics, por exemplo, fabrica produtos de segurança eletrônica principalmente para condomínios residenciais e executivos. Outras empresas de Santa Catarina contempladas criam, por exemplo, softwares de gestão no gerenciamento de filas e até de granjas.
Pelo menos cinco estados se engajaram no programa. Cada um conta com parceiros estratégicos para agilizar o processo. Em Santa Catarina, atuam a Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate) e a SC Parcerias.
Marcelo Ferrari Wolowski, diretor de investimento e fomento da Acate, sinaliza que o negócio é vantajoso. “Geralmente as linhas de financiamento exigem garantias reais, como bens, imóveis ou equipamentos, o que não existe nesse programa.”, comenta. O próximo passo é atingir empresas de Joinville e Blumenau.