Setor de tecnologia quer apoio do governo para exportar mais
Estudo feito pela consultoria AT Kearney, a pedido da Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), mostra que o Brasil atingiu R$ 1,4 bilhão em exportações de TIC no ano passado e passou a ocupar a quinta posição mundial como destino para offshore outsourcing.
Os empresários, no entanto, acreditam que o país tem condições de exportar mais. "O estudo está mostrando que estamos no caminho certo para nos inserirmos no mercado internacional. Por que não fazer? O que está faltando é cair a ficha. E não adianta cair a ficha só da Brasscom ou só de um setor do governo. Precisa ser uma coisa mais ampla para começar a acontecer", comentou Ricardo Saur, diretor da Brasscom.
Segundo o executivo, este é um mercado essencialmente de pessoas, no qual 80% dos custos estão na força de trabalho, além de ser um mercado que não polui. "Ou seja, gera emprego, divisas e não tem contra-indicação", ressaltou Saur.
O diretor da Brasscom frisou que crise nunca é bom, mas observou que o setor de TIC tem muito mais oportunidades pela frente nessa crise do que uma retração. De acordo com ele, a desaceleração econômica abre certas perspectivas porque as empresas de outros setores têm que cuidar mais de seus processos produtivos para superar as deficiências.
"Nesse contexto, o setor de TIC tem um papel a desempenhar para diminuir custos", destacou Saur. O executivo revelou que os empresários concordam que para o Brasil fazer frente a países como a Índia em offshore outsourcing, é necessária a regulamentação da lei que prevê incentivos fiscais de dois tipos. Um que permite que as empresas descontem em dobro investimentos em treinamento de pessoal e outro que diminui os encargos trabalhistas sobre a folha de pagamento.
"Não se mexe nos salários dos trabalhadores, mas desonera a folha", avaliou Saur, informando que o desejo dos empresários é de que ocorra para o setor de tecnologia a mesma desoneração concedida no passado ao setor de hardware.
"Queremos convencer o governo de que a área se desenvolverá e o volume compensará a arrecadação. O mercado cinza de PCs sumiu. Hoje o governo arrecada mais, cobrando menos do que antes", lembrou Saur.
A lei de incentivo foi aprovada no ano passado por ocasião do anúncio da política industrial, mas para entrar em vigor precisa ser regulamentada. O ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Resende, não especificou data para a regulamentação, mas reconheceu a necessidade de que a lei comece a vigorar. "A regulamentação da lei está demorando um pouco, mas está para ser feita brevemente", disse.
Resende destacou que o governo tem preocupação com o setor e que está tomando medidas para injetar recursos e, ainda, incentivar a fusão de empresas com o objetivo de torná-las mais fortes. "Já fizemos coisas importantes. Criamos a subvenção para estimular a exportação, incentivos fiscais para a exportação. Agora o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] tem feito um movimento importante para estimular a fusão de empresas. O objetivo é termos empresas maiores na área de tecnologia. Isso é muito importante para dar a elas maior competitividade no mercado global", enfatizou o ministro.
A ação do BNDES para o setor de tecnologia, de acordo com o ministro, deverá ser no sentido de dar um crédito privilegiado a empresas que se fundirem. Outra ação será de usar o BNDESpar para se tornar sócio da nova empresa de um conglomerado. O BNDESpar é o braço do BNDES que investe em diversas empresas brasileiras por meio da compra de ações.
Rezende garantiu que os principais recursos para o desenvolvimento de tecnologia não foram contingenciados pelo governo. "São os recursos que formam a subvenção econômica das empresas. A Finep [Financiadora de Estudos e Projetos] está fechando agora mesmo um edital, no valor R$ 450 milhões, a título de subvenção econômica. Trata-se de recurso concedido que não é reembolsável. Não se trata de crédito. A área de software é contemplada", disse. As informações são da Agência Brasil.