Setor tecnológico cresce em Joinville, fomenta o surgimento de novas empresas e desperta a atenção de governantes e empresários
Historicamente, a economia de Joinville é baseada em setores tradicionais da in
Historicamente, a economia de Joinville é baseada em setores tradicionais da indústria. Importante polo econômico catarinense, a cidade mostra uma forte aproximação com a inovação desde o início do século XX, mas foi recentemente que as empresas joinvilenses passaram realmente a adotar e investir em tecnologia. De acordo com o estudo Observatório ACATE — Panorama 2018, da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE) em parceria com a Neoway, hoje a região norte abriga mais de duas mil empresas de tecnologia, que faturam cerca de R$ 3 bilhões juntas e empregam mais de três mil pessoas.
Marcio Jacson dos Santos, Head Técnico na Fundação Softville, uma das principais iniciativas que fomentam o setor na região, conta que há cinco anos, em 2013, surgiram as primeiras startups em Joinville. “Desde então, com o auxílio dos programas de apoio ao desenvolvimento de negócio inovadores, o ecossistema e as empresas se fortaleceram. Hoje existem cerca de 120 startups consolidadas na cidade — um crescimento de mais de 2.000% em cinco anos”, explica Marcio.
De olho nesse novo mercado e entendendo a transformação digital que os setores tradicionais da indústria irão passar nos próximos anos, a Prefeitura de Joinville está desenvolvendo um plano de competitividade que tem como objetivo estruturar políticas públicas de desenvolvimento econômico, a fim de criar um sistema de inovação sustentável e durável. De acordo com Danilo Conti, Secretário de Planejamento Urbano e Desenvolvimento Sustentável, a cidade quer usar a inovação como propulsão para se tornar referência como smart city na América Latina. “Para cumprir esse objetivo, o projeto prevê o aumento do fomento ao empreendedorismo, atração de investidores para a cidade e apoio às iniciativas que se encaixem nessa visão”, declara Danilo.
Com tudo isso acontecendo, Joinville precisava de uma referência em inovação para reunir as iniciativas e apoiar os empresários. Seguindo o exemplo do Vale do Silício, será inaugurado o Join.Valle, uma organização sem fins lucrativos que mobiliza diversas pessoas na cidade para ajudar o município a se tornar referência em indústrias inteligentes e qualidade de vida na América Latina. Segundo Diego Calegari, gestor executivo do Join.Valle, “o projeto terá formação de capital humano para criar mão de obra especializada, programas de aceleração, fomento ao desenvolvimento de startups — por meio de investimentos —- , aproximação com empresas e universidades”.
Referência local
Nascida em 2013, a startup Asaas oferece serviços financeiros para profissionais autônomos, MEIs e micro e pequenas empresas. Ela foi uma das primeiras desse modelo de negócio na cidade e seus empreendedores ajudaram a formar o ecossistema local. “Em 2010, quando começamos a vender softwares como um serviço, não existia ninguém em Joinville que fazia isso — no Brasil eram poucos os cases; vender online era um mistério. Agora, quase dez anos depois, é possível ouvir em qualquer café da cidade alguém falando sobre métricas, SaaS e assuntos de tecnologia”, explica Piero Contezini, CEO da Asaas.
A plataforma desenvolvida pela empresa acompanha a evolução do mercado da cidade e se posiciona como uma solução completa para gestão de cobranças, pagamentos e antecipações. Em 2017 triplicou sua receita e ultrapassou o volume de R$ 6 milhões. No mesmo ano, os clientes ativos transacionaram um total de R$ 320 milhões via aplicação. Desde o lançamento da startup, o sistema já recebeu investimentos de mais de R$ 10 milhões. O último aporte recebido foi no valor de R$ 2,5 milhões, liderado pelo fundo Cventures Primus. “O crescimento dos negócios na cidade é viabilizado, sobretudo, pela facilidade que a tecnologia oferece para os empreendedores”, diz Diego Contezini, CMO da Asaas.
Novos ares
Criada há menos tempo, a Camerite começou a se desenvolver em um cenário de empreendedorismo mais fortalecido. A startup desenvolve um software de monitoramento de imagens de segurança na nuvem e faz parte da nova leva de negócios inovadores. Com uma solução que permite que vizinhos compartilhem entre si imagens públicas de câmera particulares, a empresa ajuda a aumentar o monitoramento das cidade, sem ampliar o custo para os moradores e as prefeituras. Ano passado, a Camerite registrou um crescimento de 2.000% e fechou uma parceria com a prefeitura de São Paulo para ajudar a diminuir os gastos da cidade e aumentar a segurança.