Tecnologia da informação: MPEs são maioria
O estudo também verificou que mais da metade dessas empresas, ou seja, 52,2% se dedicam à distribuição e comercialização de software e serviços.
Apesar da crise financeira no ano passado, o mercado brasileiro de software e serviços manteve a 12ª posição no cenário mundial e cresceu 35% em 2008, em relação ao ano anterior, movimentando US$ 15 bilhões, valor que corresponde a 0,96% do PIB (Produto Interno Bruto) do País no ano passado. Deste total, 5 bilhões de dólares vieram de programas de computador (1,68% do mercado mundial) e 10 bilhões de dólares de serviços (1,72% do mercado global de serviços).
Com isso, a participação de programas de computador desenvolvidos no Brasil atingiu 32,5% do total do mercado brasileiro de software, ou seja, foram registrados US$ 1,651 bilhões no ano passado.
O setor financeiro e industrial foi responsável por metade da demanda de sofware no País, seguido por serviços, comércio, governo e agroindústria.
Os Estados Unidos, por sua vez, continuaram soberanos e lideraram o ranking setorial com 38,9% da participação no mercado mundial, totalizando US$ 339,6 bilhões. O Japão aparece em seguida com 8,21% de inserção no mercado mundial (US$ 71,7 bi).
Tecnologia da Informação
Com relação a atuação no mercado mundial de TI, o Brasil ocupa a 6ª posição, com US$ 29,3 bilhões de participação e 1,99% de representatividade no mundo. Ficando atrás dos seguintes países: Estados Unidos (US$ 490,2 bi), Japão (US$ 121,8 bi), Reino Unido (US$ 92,8 bi), China (US$ 69,6 bi) e Espanha (US$ 69,6 bi). Foram exportados 340 milhões de dólares em licenças e serviços.
Entretanto, quando comparado ao mercado de TI da América Latina, o Brasil liderou o ranking no ano passado com 48% do total.
Expectativas
Por outro lado, a recessão global deve pressionar o setor de TI em 2009, para o qual estima-se que o crescimento deva ser reduzido pela metade.
O reflexo da crise deve imprimir uma nova dinâmica no mercado brasileiro, que mesmo crescendo acima da média dos demais setores da economia, deverá observar ajustes, principalmente em função da redução de custos que as organizações vão promover, com sensível redução nos investimentos em TI.
TI em busca de novos caminhos
O desafio que o setor de tecnologia da informação enfrenta num ano marcado pela crise financeira internacional é o de reduzir custos e mesmo assim manter o caráter de inovação. O segmento, que deve crescer entre 9% e 10% em 2009, depois de avançar acima de 10% no ano passado, tem uma peculiaridade citada por praticamente todos os especialistas da área: a capacidade de crescer tanto em períodos de expansão quanto de declínio do cenário econômico. Essas são algumas das conclusões a que chegaram os 156 diretores de TI – ou CIOs (Chief Information Officers) – na 11ª edição do IT Fórum, o mais importante encontro do setor na América Latina, que aconteceu na última semana na Praia do Forte (BA).
“Acho que todos aqui estão enfrentando pressões para reduzir os orçamentos de TI. Nós com certeza estamos , afirmou Juarez Zortea, vice-presidente comercial da HP Brasil, na abertura do evento.
Adelson de Sousa, presidente executivo da IT Mídia, empresa organizadora do fórum, ressaltou que o setor não está imune à crise, e citou como exemplo a área de varejo, que estaria muito impactada. O especialista afirmou, no entanto, que mesmo a pressão por redução de custos, no fim das contas, leva à expansão de investimentos.
“A redução de valores de contratos já negociados, por exemplo, leva oportunidades a outras empresas, que podem ocupar o espaço que é deixado vago”, avaliou Sousa.
Segundo o executivo Emílio Vieira, CIO da Allianz Seguros, a oportunidade para o setor no período de crise surge da necessidade de eliminação de intermediários no processo produtivo.
Emílio Vieira, que já passou pela Embratel, CPM (atual CPM Braxis) e Porto Seguro, destacou o potencial do mercado brasileiro de seguros.
Segundo o executivo, esse segmento ainda tem um nível de penetração muito pequeno no Brasil se comparado a outros países. Na Europa, Estados Unidos, Japão, por exemplo, a participação dos seguros no PIB chega perto de 10%, ressalta.
“As seguradoras lá fora vêem o Brasil como um oceano de oportunidades, que não existe em nenhum país da Europa”, concluiu.
Software para hospitais é a aposta do setor de tecnologia
O processo de profissionalização da gestão dos hospitais brasileiros, somado às exigências cada vez mais severas impostas pela Agência Nacional da Saúde (ANS) para a informatização do setor médico no País, são movimentos que começam a impulsionar um mercado relativamente novo no Brasil: o desenvolvimento de softwares de gestão para hospitais e centros médicos. Alberto Leite, especialista do setor de tecnologia em saúde e diretor do grupo de negócios IT Midia, aposta que este é um mercado promissor, que crescerá mais de 30% neste ano.
A MV Sistemas, empresa brasileira que faturou cerca de R$ 54 milhões no ano passado, tem a expectativa de crescer 40% neste ano e se expandir para o exterior. “Percebemos, nos últimos anos, uma grande evolução do setor, principalmente por parte dos hospitais privados de grande porte”, explicou Paulo Magnus, presidente da MV. De acordo com o executivo, um projeto de gestão hospitalar bem implantado pode gerar uma melhoria de 15% dos negócios do hospital, proporcionando corte de custos e aumento de novas oportunidades. “Se a emergência do hospital está lotada, eu posso ter informações da situação geral em que o ambiente se encontra, além de uma previsão de desocupação de leitos, evitando que um futuro paciente vá embora sem necessidade”, diz.
Apesar de ter notado uma grande movimentação por parte dos hospitais particulares, Paulo conta que um dos maiores projetos da MV em andamento hoje é em parceria com o governo do Espírito Santo, que prevê a informatização de cerca de seis hospitais públicos do estado, além de mais dez hospitais filantrópicos que serão financiados pelo governo capixaba. O executivo explica que cada um desses projetos, com duração média de três anos, custará cerca de R$ 17 milhões.
Mesmo diante das incertezas na economia, a companhia segue otimista e tem boas expectativas. Magnus conta que, no ano passado, conquistou cerca de 70 novos clientes, como a Secretaria de Saúde do Espírito Santo, e a Amerimed, o primeiro cliente no México. Neste ano, a MV acabou de lançar uma nova fábrica em Passo Fundo (Rio Grande do Sul) e está construindo um novo prédio no Recife (PE). “Estamos investindo em uma equipe de mais 50 pessoas específicas para sistemas clínicos e mais 30 para o governo. O total de investimentos no ano será em torno de R$ 6 milhões”.
A Alert do Brasil, empresa de origem portuguesa que chegou ao País há cerca de um ano, invadiu o mercado brasileiro de softwares hospitalares e já começa a incomodar a concorrência. A empresa faturou, globalmente, 35,3 milhões de euros no ano passado, o equivalente a cerca de R$ 100 milhões, e já gerencia 80% dos postos de emergência de Minas Gerais, por meio de um grande contrato com o governo do estado. “No ano passado, cerca de 30% de todo o faturamento veio do Brasil. Nossa expectativa é aumentar esse valor para 40% e investir cerca de R$ 7 milhões nas operações nacionais”, explicou Luiz Brescia, presidente da Alert. Além do contrato com o governo mineiro, a Alert já fechou contrato com outros 30 hospitais, entre eles o Hospital Beneficência Portuguesa.
“As áreas de urgência e emergência são uma grande oportunidade para nós, já que esta é a nossa especialidade”, disse.
Aquisições
O negócio de softwares para gestão de hospitais vem ganhando tanta relevância que provocou, inclusive, algumas fusões neste setor. No ano passado, uma das maiores empresas de informatização hospitalar do País, a RGM do Brasil, se uniu à outra grande empresa do setor, a Infosaúde, dando origem à Salux, que deve ter um incremento de cerca de 30% no faturamento deste ano.
Ricardo Pigatto, diretor da companhia, explica que a Salux vem de um processo consecutivo de fusões e aquisições, que deve fortalecer as operações da companhia no futuro. “Estamos em um processo de negociação para adquirir uma nova empresa ainda esse ano”, disse ele, que vai investir cerca de R$ 10 milhões entre 2009 e 2010.
Na carona da explosão do mercado de gestão hospitalar, a Microsoft anunciou, no início do ano, a compra das operações da Medstory, companhia californiana que desenvolve tecnologias de buscas inteligentes via web para o setor de saúde. A aquisição representa uma iniciativa estratégica para a Microsoft na esfera de buscas por informações de saúde e será integrada ao recém-criado grupo de Soluções de Saúde da MS. A área vai gerenciar o desenvolvimento e a entrega de produtos. O valor da aquisição não foi divulgado.
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