US$ 818 bilhões foi o investimento mundial em P,D&I
Para o diretor geral da Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica (PROTEC),Roberto Nicolsky, o desnível evidente entre a modesta recuperação brasileira e as vigorosas taxas de crescimento das economias indiana e chinesa pode ser atribuído à diferença entre as políticas nacionais de desenvolvimento tecnológico.
Para o diretor geral da Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica (PROTEC),Roberto Nicolsky, o desnível evidente entre a modesta recuperação brasileira e as vigorosas taxas de crescimento das economias indiana e chinesa pode ser atribuído à diferença entre as políticas nacionais de desenvolvimento tecnológico.
Enquanto os países asiáticos seguem o caminho já percorrido pelo Japão e Coreia do Sul, investindo no aperfeiçoamento contínuo de produtos já existentes – a chamada inovação incremental – o Brasil continua insistindo na busca pela transformação de invenções científicas em produtos de mercado, estratégia em vigor desde a década de 70 sem um resultado consistente.
Hoje a Coreia do Sul é o 8º país no ranking da inovação, resultado do esforço para absorver e adaptar tecnologias importadas, com alta produtividade. A China também começou imitando tecnologias de sucesso internacional e hoje registra patentes nos EUA em números que crescem 25% ao ano, a maior parte de produtos de alta tecnologia. A Índia superou o número de patentes do Brasil em 1998, três anos após promulgar sua abrangente lei de incentivo à inovação, e passados dez anos, em 2008, fez 634 patentes, seis vezes o número de patentes brasileiras (101).
Segundo a Anpei, o investimento mundial em P&D&I foi de US$ 818 bilhões em 2008. Entre os países da OCDE, esse volume de recursos equivale a 2,26% do Produto Interno Bruto (PIB) do bloco, valor semelhante ao registrado nos anos anteriores.
Nos Estados Unidos, o investimento em P&D&I (Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação) foi de 2,62% do PIB.
A China, segundo a Anpei, saiu de 0,95% do PIB em 2001 para 1,42% em 2006, e o plano, segundo a BBC, é chegar a 2,5%.
O Brasil, estima a entidade, deve ter investido 0,9% do PIB em P&D&I no ano passado, sendo 45% dos investimentos vindos do setor privado e 55% do governo.
Segundo Nicolsky, as políticas governamentais de apoio à inovação nestes países estão dando certo porque são direcionadas às indústrias. “O investimento no setor produtivo é mais importante para a própria sociedade do que para a empresa, já que alavanca a competitividade econômica do país como um todo, viabilizando o crescimento rápido, como ocorre na Índia e na China”, explica.
“A solução para este impasse está na alteração do foco das políticas públicas de incentivo à inovação tecnológica. Abandonar o modelo atual que privilegia a pesquisa de caráter acadêmico é necessário mesmo na subvenção econômica: indo para o que fizeram a China e a Índia, que apostaram no setor produtivo.”
Já para o presidente do Conselho das Fundações de Amparo à Pesquisa (Confap), Mário Neto Borges, o Brasil tem todas as oportunidades para gerir a inovação, trazendo desenvolvimento sustentável, mas precisa colocar como prioridade cinco aspectos: estruturação da relação entre empresas, universidades e governo, maior investimento em inovação, política de inovação coerente, fiscalização adequada e legislação mais moderna.
“As agências de fomento alegam que sobram recursos todos os anos no Brasil por falta de projetos, mas a complexidade das normas e a burocracia para a elaboração acabam afugentando as empresas”, afirmou a presidente da Anpei, Maria Angela do Rego Barros.
Gestão e Inovação